quinta-feira, 24 de julho de 2008

Não beije

Segunda-feira típica: você acorda atrasada porque passou o domingo com os olhos estalados na frente da TV, não encontra um sapato que combine com sua roupa e perde tempo demais com a maquiagem. No ponto de ônibus, passa até feno na avenida, de tão vazia. Só passa Praça Ramos, Praça Ramos, Praça Ramos, um Lauzane, outro Praça Ramos, enfim, passou até o cometa Halley do Pq Edu Chaves e nada do Praça da Sé. Eis que chega o famigerado Belém, lotado de pessoas que como eu aguardavam por qualquer ônibus que virasse no Anhangabaú. Eu entrei. Senti o drama, ou melhor; o cheiro. Tenso. Pessoas aglomeradas nas portinhas, crianças chorando, pessoas sentadas dormindo de boca aberta, mas chega uma hora que você simplesmente releva tudo, prende a respiração e agüenta o caminho rápido até a Líbero Badaró. Já tinha passado pelo Viaduto do Chá quando ouvi um barulho nojentinho de lábios e saliva! Sim, perto da porta do ônibus avistei um casal dando beijo de língua! Eu nunca senti tanto nojo na minha vida, me embrulhou o estômago, foi pior que ver alguem vomitando do meu lado. A idéia de dar um beijo de lingua naquele calor humano do ônibus, no fedor de suvaco do velho que estava ao meu lado e nas pessoas enconstando em mim toda hora, era simplesmente inconcebível.
Quando finalmente o ônibus parou no meu ponto, simplesmente saltei junto com o casal apaixonado.

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